Introdução

Três coisas que marcam a sociedade atual: sexo, cartão de crédito e drogas.

I – Definição de consumismo

“Consumismo é aquela promessa de felicidade oferecida pelos bens materiais e serviços que se capitaliza no prazer de escolha de cada consumidor” (BENTON, 2002, p. 15).

Consumismo cristão: “Em sua essência, consumismo é “eu-ismo” – chamando-nos a exaltar a nós mesmos como árbitros de todas as nossas questões” (MacARTHUR, 2009, p. 176).

MacArthur diz ainda que, diariamente, somos levados a escolher tudo, desde nossas roupas ao café, de modo a satisfazer aos nossos desejos pessoais. Nossas preferências e desejos recebem prioridade máxima. Como resultado, começamos a acreditar no mito de que o mundo gira ao nosso redor e daquilo que desejamos. Isso torna o ato de comprar agradável. Sentimo-nos poderosos quando entramos num shopping com um cartão de crédito nas mãos. Entretanto, quando essa atitude contamina a nossa vida espiritual e o que desejamos de uma igreja, estamos encrencados.

A diferença entre buscar uma igreja que me agrada e uma igreja que agrada a Deus.

Deus deve ser o foco legítimo da adoração coletiva e não o crente.

E Deus tem certas expectativas:

Que participemos fielmente da igreja.

Que sejamos fervorosos de espírito.

Que a nossa contribuição seja feita com alegria e espontaneidade.

Que amemos aprender e praticar a sua Palavra.

II – As causas do consumismo

  1. A questão cultural. Existem elementos culturais que alimentam o consumismo. Tais elementos incluem o humanismo, o existencialismo filosófico, o materialismo e o hedonismo.
  2. a) O humanismo afirma que os seres humanos são os seres mais elevados, o que é uma forma de ateísmo. O humanismo torna legítimos os desejos egoístas de nosso coração, dando-lhes credibilidade.
  3. b) O existencialismo argumenta que a essência é a chave para toda a existência. Na prática, isso significa que a experiência pessoal, o sentimento e a satisfação são o cerne da vida. O existencialismo dá liberdade para que os desejos de nosso coração se expressem totalmente e sem restrições.
  4. c) O materialismo apregoa que a derradeira realidade é a matéria. Assim, a nossa escolha, como consumidores, é soberana.
  5. d) Hedonismo: Filosofia de vida que considera o prazer como o bem supremo.
  6. Questões carnais
  7. a) Ignorância espiritual, quando se esquece a prioridade de Deus. Veja Romanos 11.36: “Pois dele, por ele e para ele são todas as coisas. A ele seja a glória para sempre! Amém”.

Colossenses 1.18: “Ele é a cabeça do corpo, que é a igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a supremacia” (proeminência).

Por essa razão, muitos crentes entendem que freqüentar uma igreja é opcional, que não existe mais a necessidade de se tornar membro de uma igreja local e que a autoridade da igreja não é mais importante.

O orgulho espiritual está presente quando os crentes acham que os seus desejos são mais importantes do que a vontade de Deus.

A apatia espiritual leva a uma total indiferença para com a glória de Deus. Essa falta de paixão pela grandeza de Deus impede o crente de vencer atitudes egoístas.

III – As marcas do consumismo cristão

  1. Egoísmo.

A aprovação divina é trocada pelo o que agrada ao consumidor. O primeiro capítulo do livro do profeta Ageu ilustra muito essa verdade. Os judeus exilados haviam retornado da Babilônia em 536 a.C. e iniciado a reconstrução do templo sob a liderança de Zorobabel (Esdras 6.1-22). Depois de dois anos de trabalho, eles pararam. Por que? Foram distraídos na construção de suas próprias casas e se esqueceram da casa de Deus (Ageu 1.9).

O profeta Malaquias também denunciou o egoísmo do povo (1.6, 9-10).

O que aconteceu? Os judeus haviam se tornado senhores de si mesmos. Da mesma forma, exalamos a nós mesmos quando buscamos nossos desejos e não os de Deus.

O consumismo cristão coloca Deus abaixo de nossas preferências. Coloca a nossa vontade acima dos seus desígnios. Steven Charnock diz: “Quando acreditamos que devemos ser satisfeitos, em vez de crermos que Deus deve ser glorificado, nós o colocamos abaixo de nós mesmos, como se Deus tivesse sido feito para nós, e não como se tivéssemos sido feitos para ele. Não há blasfêmia maior do que usar a Deus como nosso servo; e não há pior lugar para isso do que no templo da adoração, onde fazemos a adoração a Deus centralizar-se em nós mesmos, e não nele” (MacArthur, 2009, p. 180, 181).

Como o egoísmo se expressa na igreja atual? O consumidor procura o que pode receber da igreja em vez do que pode oferecer a Deus. Expressões como “receber cem vezes nesta vida”, tomar pode”, restitui o que é meu”, “chegou a minha vez”. Ao focar suas necessidades, o consumidor cristão perde de vista o centro da adoração, que é Deus. Como resultado, segundo Michael Horton , “nossos cultos geralmente são celebrações de nós mesmos, mais do que celebrações de Deus. Nunca antes, nem mesmo na igreja medieval, os cristãos foram tão obsessivos consigo mesmos. Auto-stima, auto-confiança, auto-isto e auto-aquilo tem substituído a a discussão sobre os atributos de Deus.Ironiamente, isso tem criado o oposto do que tenciona. Sem o conhecimento de Deus, em cuja imagem fomos criados, e sem a graça que nos transformou em filhos de Deus, o narcisismo, ou amor próprio, desenvolve-se em depressão (MacARTHUR, 2009, p. 181).

  1. Pragmatismo modelado no eu.

Os crentes modelados no eu servem a Deus conforme julgam mais adequados. Esse consumismo apresenta uma atitude que procura servir a Deus nos termos e sabedoria do próprio eu. Seus representantes não são motivados pela glória de Deus; tampouco se preocupam em honrar os mandamentos de Deus.

O nosso louvor deve ser como os sacrifícios do AT – tinham de ser perfeitos (Lv 22.20; Ml 1.11) e sem mancha (Ex 12.5; 29.1).

Uma característica do pragmático centralizado no eu é a falta de adoração fervorosa. A genuína adoração é uma expressão da grandeza de Deus, com todo o coração.

Cuidado com o dá-me, dá-me, dá-me… Buscar a mão e não a face de Deus.

  1. Individualismo absorto no eu.

Quem tem essa atitude busca independência e solidão.

A autoridade da igreja é desconsiderada.

A responsabilidade individual é evitada.

A participação pessoal e desvalorizada.

A pessoa pode até freqüentar uma igreja, mas foge de qualquer ligação formal ou comprometimento com a mesma.

Aqui, entra a figura de Narciso.

Esse tipo de consumidor rejeita todo conselho espiritual do corpo de Cristo. Ele acha que não precisa dos demais. Ele pega somente aquilo que quer.

Entretanto, tal postura não é bíblica. Provérbios 18.1 diz que quem se isola busca interesses egoístas e se rebela contra a verdadeira sabedoria.

Os seres humanos não foram criados para viverem isolados mas, em comunidades. O NT ilustra a igreja como um corpo com muitos membros, uma vinha com muitos alhos, um rebanho com muitas ovelhas e um prédio com muitas pedras. Veja Atos 2.42 e Hebreus 10.25.

Consumir e servir não combinam. Essa é uma das dificuldades do consumismo. Aquele que age como rei no mercado não vai gostar de se colocar como servo no ministério. Mas, é para isso que somos chamados (Marcos 9.35).

IV – Como combater o consumismo

  1. Coloque-se debaixo do exame da Palavra de Deus.

É preciso desconfiar de nossas inclinações e examinar a nós mesmos (2Co 13.5). Veja ainda Hebreus 4.12.

  1. Arranque o egoísmo de sua vida.
  2. Submeta-se às expectativas de Deus.
  3. Viva para adorar.
  4. Viva para servir.

Considerações finais

Muitos crentes falham em distinguir entre necessidade, desejo e cobiça ou ganância. De fato, a Escritura afirma que Deus supre as necessidades de seus filhos, conforme Mateus 6.25-33. Deus pode também cumprir o desejo do coração de seus filhos (Salmo 37.4). Porém, não há qualquer garantia nas Escrituras de que Deus vai cumprir todos os desejos do coração. Quanto à cobiça, a única promessa que a Escritura tem é de crucificá-la (Gálatas 5.24). Jesus reduziu a necessidade humana a três elementos: comer, beber e vestir (Mateus 6.25). Paulo a reduziu a dois elementos: comer e vestir (1Timóteo 6.8).

Veja ainda Provérbios 30.7-9; Habacuque 3.17, 18; Filipenses 4.11-13.

Cultos na horizontal.

Os cantores e seus cachês.

As profecias e revelações são todas para agradar os clientes.

Auto-ajuda. Acredite em você, acredite nos seus sonhos.

Músicas: Agora é só vitória.

Competição. As igrejas funcionam sob um clima de competição. O dinheiro nunca é suficiente para manter o estilo de vida de seus líderes e expandir o ministério. É nesse momento que muitos se tornam especialistas em destruir a reputação dos outros, principalmente quando percebem que o dinheiro está correndo na direção oposta.

Exemplo: a disputa entre a IURD e a IMPD.

Bibliografia

BENTON, John. Cristãos em uma sociedade de consumo. São Paulo. Cultura Cristã. 2002.

MacARTHUR, John. Ouro de tolo? – Discernindo a verdade em uma época de erro. São José dos Campos, SP. Editora Fiel. 2009.

WHITE, John. Dinheiro não é Deus: Então, por que a Igreja o adora? São Paulo. A.B.U. Editora. 1996.

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